domingo, 1 de maio de 2011

Geopolítica do Futebol... O JOGO DA MORTE!

Claro que a imagem aí do lado já denuncia sobre o que post quer tratar. Mas, primeiro vamos dar o devidos créditos ao autor. A matéria foi um achado, saiu em O Globo de sábado e é assinado pelo jornalista Renato Grandelle. Confira a matéria na íntegra clicando aqui. Claro o autor aproveitou toda a atmosfera criada a partir da realização do clássico de principal rivalidade no Rio de Janeiro para decidir a Copa Rio, e como aconteceu acabou decidindo o Campeonato Carioca 2011, já que o Flamengo venceu o Vasco da Gama nas cobranças de penalidades. Coincidência ou não, Grandelle poderia também fazer a referência a realização de um Palmeiras e Corinthians, vencido pelo alvinegro também nos penâltis e do Grenal 385, que valia o segundo turno do Gauchão 2011, mas, caso o Grêmio vencesse o jogo estaria terminado o campeonato, por ter ganhado o primeiro turno, mas, ao contrário do Rio de Janeiro, o Inter acabou vencendo nas penalidades e adiando a decisão do título para mais 2 grenais. Digo isso, porque se o Vasco X Flamengo desse domingo inspirou Grandelle a discutir e trazer um trabalho fantástico sobre o que seria efetivamente o "Jogo da Morte". Grandelle conta a história de um embate entre ucranianos e alemães, mas, que também poderia ter como fonte de inspiração os outros 2 clássicos citados. A matéria conta a tensão existente entre o comando nazista que existia em Kiev, capital da Ucrânia, e a população que era abertamente simpática ao socialismo soviético. Tudo começa com a história de 2 personagens centrais: Erich Koch e Otto Schmidt. O primeiro conhecido pelo seu comando a punhos de ferro e de alta confiança do Reich e responsável pela chacina de milhares de ucranianos, o segundo apesar de ter nascido na Ucrânia era alemão e tinha um trato mais cordial com a população ucraniana. Aproveitando-se do fato de que as disputas esportivas haviam sido abolidas na Ucrânia Schmidt convenceu Koch que um torneio de futebol poderia amenizar a rebeldia dos ucranianos. O torneio aconteceu e teve como final o enfrentamento entre ucranianos e alemães e os donos da casa venceram por 5x3. Ocorre que com o avanço dos socialistas e a retirada de Koch e suas tropas nazistas os participantes do Jogo da Morte foram presos pelos soviéticos que então retomaram Kiev pela acusação de colaboração com os nazistas. Só que ao invés da setença de morte os boleiros foram elevados a heróis e então se criou o mito como nos conta Grandelle. É claro que essa história poderia ser apenas mais uma em tantas que mostram superação de equipes mais fracas com equipes mais fortes mas observem o papel geograficamente estratégico de Kiev na zona fronteiriça entre nazistas e soviéticos no mapa.

Mapa do Nazismo na Europa

Como é possível perceber no mapa a Ucrânia e sua capital, Kiev, foram decisivas para a contenção do nazismo e a retomada de Kiev pelos soviéticos. A história conta o resto e como os soviéticos com um exército de soldados mal equipados e mal alimentados conseguiu vencer o super exército de Hitler, e agora sabemos que também o futebol tem os reflexos dessa disputa geopolítica que marcou o final da primeira metade do século XX.
Claro que por mais que essa história de Grandelle tenha nítidos enlaces com os jogos decisivos marcados para esse domingo jamais se imagina que partidas de futebol tenham desfechos trágicos como essa batalha de Kiev. Antes de comentar 2 fatos que estimularam esse fato quero apenas me explicar. Em outro post afirmei minha opinião de que o futebol não pode ser transformado em um espetáculo teatral elitizado, pois, é fonte potencial de identidade de grupos sociais, mas, com isso não queria dizer que torcedores e jogadores deveriam sair distribuindo porrada em todos os jogos, aliás, como temos visto como muita freqüência nos últimos dias (Avaí x Botafogo; Argentinos Jrs. x Fluminense; Real Madrid x Barcelona). O fato voltou a se repetir nesse domingo em outro desses Jogos da Morte, semi-final do campeonato goiano Goiás x Vila Nova um clássico, veja as imagens deprimentes no vídeo abaixo.




Esse fato somou-se a minha intenção de já ter postado sobre um programa que repercutiu e teve grande audiência lá no Rio Grande do Sul. Ele foi ao ar na TV COM, canal UHF da RBS TV na última sexta-feira dia 29/04. Mas, o que isso tem haver com os “Jogos da Morte”? É claro como já falei hoje era um domingo de debys pelo país inteiro, e no RS haveria o Gre-Nal que poderia decidir o campeonato. Muito se fala da rivalidade entre Grêmio e Internacional e de que talvez seja uma das maiores do planeta. Recentemente os dois clubes optaram por recrutar 2 ídolos que fizeram história nos gramados nos anos 70 e 80 para comandar as equipes agora da casamata. Renato Portaluppi e Paulo Roberto Falcão são os comandantes das atuais equipes de Grêmio e Internacional, mais um combustível na rivalidade acirrada dos pampas. Todos os elementos que pareciam apontar para uma batalha campal como as já citadas, foram muito bem trabalhadas de forma preventiva com o referido programa. A idéia foi fantástica, os 2 ídolos frente a frente antes do Gre-Nal, um programa de alta qualidade, que teve desdobramentos em um clássico sem confusões, sem conflito entre as torcidas, um jogo de paz, mostrando que tratar jogo como guerra não quer dizer agredir o adversário, que confronto de torcida tem que ser pra ver quem canta mais alto, enfim, foi o que se viu no Beira-Rio hoje. Ainda haverão mais 2 clássicos pelo campeonato gaúcho e ainda paira a preocupação com a paz, mas, com esse programa é bem possível que o resultado perdure ainda por bom tempo, numa clara demonstração que rivalidade, inclusive a maior de todas, pode existir sem violência. Abaixo os vídeos do programa Painel RBS na íntegra.

1.º Bloco

2.º Bloco


3.º Bloco

4.º Bloco

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